III Simpósio Luso-Brasileiro em Estudos da Criança

III Simpósio Luso-Brasileiro em Estudos da Criança

 
Os Estudos da Criança são, por definição, interdisciplinares.
 
O diálogo entre disciplinas na constituição do conhecimento sobre as crianças e a infância não visa apenas romper com as visões parcelares e fragmentárias que construíram as imagens sociais com que durante muito tempo pensamos e agimos com as crianças: pequenos seres humanos em desenvolvimento, menores, alunos, pacientes dos serviços de pediatria, filhos e filhas, destinatários da socialização, beneficiários indiretos dos serviços de proteção social, etc. A natureza interdisciplinar do conhecimento produzido pelos Estudos da Criança deve ser capaz de criar novas imagens sociais, de ampliar o conhecimento dos mundos de vida das crianças, de focalizar sob lentes mais nítidas os quotidianos, as práticas sociais, os modos de expressão cultural, os contextos de vida e as condições estruturais da infância.
 
Ao recolocar as crianças e a infância sob a nova perspetiva que a rutura com o conhecimento tradicionalmente disciplinar as colocou, os Estudos da Criança permitem uma maior aproximação aos seus mundos de vida pela transposição de fronteiras, a abertura de caminhos insuspeitados, a renovação metodológica e a construção de novos constructos e conceitos. Como todo o processo inovador de construção de conhecimento, o trabalho teórico e epistemológico corre riscos. É nessa margem entre o conhecimento solidamente consolidado e a aventura da descoberta que opera o sentido da travessia entre os continentes das disciplinas que se ocupam da infância e as travessuras ludicamente assumidas da imaginação teórica e metodológica.
 
O III Simpósio Luso-Brasileiro em Estudos da Criança assume como tema as Travessias e as Travessuras em Estudos da Criança. Prosseguindo uma tradição de diálogo entre pesquisadores e pesquisadoras que se dedicam ao estudo das crianças e da infância de Portugal e do Brasil, abrindo-se ao labor teórico de outros países de língua oficial portuguesa, o III Simpósio centrar-se-á na construção interdisciplinar do campo dos Estudos da Criança.
 
Este tema vai ao encontro das condições, das possibilidades e dos limites da interdisciplinaridade: as bases e fundamentos dos diálogos entre disciplinas; a convergência de códigos e linguagens disciplinares, mas também os seus limites e impasses; os sentidos, frequentemente ambíguos, polissémicos e mesmo dissonantes de conceitos diferenciadamente usados por distintas abordagens disciplinares; a configuração de novas ferramentas concetuais que favoreçam a interceção dos campos teóricos.
 
Mas não apenas. O III Simpósio convoca também estudos e pesquisas que se constituem numa base interdisciplinar, de forma a mostrar os resultados dos processos de construção de conhecimento gerado nos diálogos entre a psicologia, a sociologia, as ciências da educação, a geografia, as outras ciências sociais e humanas, as ciências cognitivas, as artes, o direito e as ciências políticas, etc.
 
A organização do III Simpósio é fiel ao seu próprio tema. Assim, são estabelecidos eixos temáticos que fogem à tradicional arrumação por áreas de conhecimento ou de intervenção. Esses eixos estabelecem-se no diálogo entre termos que usualmente são apresentados como dicotomias, mas que aqui se querem essencialmente como pontes de diálogo e de articulação no conhecimento das crianças. Em cada eixo, organizar-se-ão secções temáticas que dão corpo ao seu conteúdo.
 
O primeiro eixo desenvolve-se em torno das relações Corpo e Cultura. Integram o eixo temáticas como saberes e conhecimento; artes e expressões; emoções; territórios e mobilidades; migrações; género e sexualidade. O sentido do eixo consiste na rutura com a dicotomia natureza/cultura no conhecimento da infância, explorando as possibilidades da pesquisa na compreensão dos modos como as crianças exprimem nas suas relações sociais, no espaço e no tempo, o seu crescimento e a sua inserção na cultura.
 
O segundo eixo articula Idades e Diversidades. Integram o eixo temáticas como: brincadeiras e ludicidade; famílias e comunidades; intergeracionalidade; interculturalidade. O eixo estabelece a rutura com as dicotomias entre ser/tornar-se e criança/adulto, procurando compreender as relações inter e intrageracionais na diversidade das condições sociais, geográficas, étnicas e raciais em que as crianças brincam, estudam, se relacionam umas com as outras, com aos pais, com os vizinhos, com os outros.
 
O terceiro eixo procura relacionar Instituições e Quotidianos. Integram o eixo temáticas como: educação formal e não formal; direitos, política e justiça; contextos de acolhimento; consumos, media e tecnologias. O eixo visa interrogar os processos institucionais e as formas de vida quotidiana das crianças, rompendo com a dicotomia entre estrutura e ação e procurando integrar os modos instituintes com que as crianças, nas mais diversas condições e circunstâncias, constroem as suas vidas.
 
Todas as comunicações devem referir o eixo em que se inserem.
 
Call for Proposals
 
A call deverá seguir as seguintes indicações para submissão:
- resumo em formato doc; 3000 carateres; 3 a 5 palavras-chave; espaçamento 1,5, letra 12
   i.Título e autores centrais a negrito
   ii. Apresentação/introdução
   iii. Enquadramento teórico
   iv. Metodologia
   v. Resultados parciais e/ou integrais
 
Os trabalhos serão enviados aos membros da Comissão Científica de acordo com as áreas de interesse e de investigação.
 
Datas Importantes
 
1ª call: De outubro de 2015 a 31 de dezembro de 2015. Extensão até 31 de janeiro de 2016
Notificação de propostas aos autores: 1 de março de 2016, pelo Conselho Científico
 

Localização

Porto, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP)

Horário

Data de início: 09:00 - 21 jul 2016

Data de fim: 18:00 - 22 jul 2016

Organização

Comissão Organizadora

UMINHO – Manuel Sarmento e Natália Fernandes, Emília Vilarinho
ESEPF – Gabriela Trevisan, Irene Cortesão, Paula Pequito, Ivone Neves, Florbela Samagaio
FPCEUP/CIIE – Manuela Ferreira, Rita Ramos de Sousa
UFRGS – Leni Dornelles