No próximo dia 14 de Setembro de 2023, às 14h.30  na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), as provas públicas de doutoramento em Ciências da Educação, requeridas pela Mestre Ana Carla Machado  A tese   "Tecnologias Digitais na Aprendizagem ao Longo da Vida de Adultos em Contexto Prisional" foi desenvolvida sob a orientação de Angelica Monteiro, investigadora da FPCEUP e Carlinda Leite, Professora Emérita da FPCEUP

A sessão é pública e de acesso livre a todas as pessoas interessadas

Júri:

Presidente: Isabel Menezes, Professora Catedrática da FPCEUP

Vogais: .

José Moreira, Professor Associado com Agregação da Universidade Aberta.

Marinaide Freitas, Professora Associada da Universidade Federal de Alagoas, Brasil.

Rita Barros, Professora Coordenadora do Instituto Piaget.

Angélica Maria Reis Monteiro, investigadora da FPCEUP– orientadora.

João Caramelo, Professor Auxiliar da FPCEUP

 

Resumo

Nas últimas décadas, tem vindo a verificar-se um esforço em qualificar a população portuguesa em termos de competências, a fim de superar as dificuldades e alcançar um desenvolvimento sustentável e rápido no contexto de uma economia global baseada no conhecimento. Reconhece-se a competência digital como uma competência-chave para a Aprendizagem ao Longo da Vida (ALV) e destaca-se a importância da inclusão social, através da educação e formação de adultos em situações de vulnerabilidade social, como é o caso dos adultos reclusos. Tendo esta situação por referência, a investigação realizada em dois estabelecimentos prisionais portugueses teve como objetivo produzir conhecimento sobre os modos como são usadas as tecnologias digitais em contextos de educação e formação de adultos em situações de vulnerabilidade social e os efeitos gerados nas perceções de competências de ALV que favoreçam o processo de inclusão digital e social. Este objetivo desdobrou-se noutros mais específicos, nomeadamente: i) identificar caraterísticas da formação de adultos em situação de vulnerabilidade social com recurso a tecnologias digitais em contexto prisional promotoras de competências de ALV; ii) identificar potencialidades e limitações da formação com recursos tecnológicos para o desenvolvimento de competências digitais e de cidadania; iii) perspetivar possíveis efeitos da formação de adultos sustentada em tecnologias digitais em contexto prisional que favorecem a inclusão social. Do ponto de vista empírico, o estudo, depois de proceder a um mapeamento de artigos científicos sobre a temática e a uma análise documental de discursos políticos internacionais e nacionais relativos a Educação ao Longo da Vida, recorreu a questionários, registos eletrónicos da olataforma, grupos focais e entrevistas a adultos reclusos que frequentaram ações de formação no âmbito de dois projetos em curso no território português. A análise de conteúdo dos dados recolhidos mostra que estas têm por base modelos pedagógicos de intervenção integrada e estruturada através de módulos de aprendizagem, mediados por plataformas digitais de acesso restrito. O estudo identificou vantagens em frequentar formações na modalidade híbrida, com uma componente a distância, como a quebra de barreiras geográficas e temporais, a flexibilidade de horários e a responsabilidade na construção do conhecimento. No entanto, também foram identificadas limitações relacionadas com a falta de acesso à internet, as rotinas estabelecidas nos estabelecimentos prisionais, a desmotivação e a falta de interesse em algumas componentes formativas. Quanto aos efeitos, os resultados mostram que as formações contruibuíram para o desenvolvimento de competências digitais, a construção de conhecimentos, comunicação, interatividade, partilha, autonomia e a ocupação do tempo. A inclusão digital e social só é verdadeiramente possível se houver um trabalho conjunto para uma reinserção social bem sucedida. A importância de aprender ao longo da vida é considerada essencial para viver num mundo em liberdade, por isso, é necessário que se criem condições favoráveis para que programas de Aprendizagem ao Longo da Vida, mediados por tecnologias digitais, sejam implementados nos estabelecimentos prisionais.