RESUMO: 
O desejo por um mundo próspero, socialmente inclusivo e ambientalmente sustentável coloca-nos no cerne das preocupações com Desenvolvimento Sustentável. É nesta conjuntura de mudança numa sociedade global e interligada (Sachs, 2017) que se tem exigido à Escola uma reconfiguração para uma melhor reflexão e capacidade de se responder às atuais exigências. Sem a perspetiva de um outro mundo onde possamos habitar, a Educação para Desenvolvimento Sustentável afirma-se como uma temática curricular emergente.
É a partir de dois domínios, o domínio da concetualização e o domínio da operacionalização que organizamos este estudo, de forma a analisar conceções de EDS que se evidenciem no sistema educativo português e em escolas nacionais, tanto através de alguns dos seus documentos estruturantes como através dos discursos de docentes envolvidos em projetos relacionados com esse domínio. Para isso, decidimos realizar o nosso estudo de caso exploratório a partir de três operações articuladas entre si: (i) análise do Referencial de Educação Ambiental para a Sustentabilidade (REApS) que constitui um suporte das atividades nos domínios da Educação Ambiental e do Desenvolvimento Sustentável que integram o plano proposto na área e na disciplina de «Cidadania e Desenvolvimento»; (ii) os manuais escolares disponíveis no mercado para apoiarem as iniciativas nesta disciplina ao nível do 3º Ciclo do Ensino Básico e (iii) as entrevistas a treze docentes que desenvolvem projetos reconhecidos pelos próprios como passíveis de serem enquadrados no domínio da EDS.
Este estudo permitiu-nos constatar que a EDS nas escolas portuguesas é um domínio que se subordina à Educação Ambiental. Embora se assuma que o domínio de DS seja transversal nas escolas, a análise aos depoimentos de docentes entrevistados evidencia que estamos perante iniciativas periféricas que pode ser explicada pela militância e disponibilidade docente. Acredita-se que tanto o facto de estarmos perante iniciativas circunscritas, em larga medida, à Educação Ambiental, e periféricas, no âmbito do conjunto das opções curriculares que se assumem nas escolas, pode ser explicado, também, pela existência de uma reflexão concetualmente débil sobre o EDS e as suas implicações formativas.