NOVA DATA: até 14 de julho de 2020
CALL FOR PAPERS
A Medicalização da Educação Escolar
Número especial da ESC – Educação, Sociedade & Culturas
Submissões até 14 de julho de 2020
Organizadores/as
Joaquim Luís Coimbra, Universidade do Porto, Portugal
Luciana Caliman, Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil
Rosa Soares Nunes, CIIE/Universidade do Porto, Portugal
Sofia Castanheira Pais, CIIE/Universidade do Porto, Portugal
Uma atmosfera universalizante de medicalização da infância, perante uma multiplicidade de diagnósticos e terapêuticas que remetem para um «biologismo extremo», negligencia a complexidade dos processos subjetivos do ser humano. Rótulos e etiquetas, mascarados de diagnósticos e o abuso de psicotrópicos estão aí, mundializados, a responder à mundialização de um sistema que, num beco sem saída, numa crise de extensão mundial em que o lucro entra num estádio em que só consegue arrastar para trás a humanidade, não vê barreiras à amplificação da sua condição predadora. No campo da medicalização da educação, a indústria farmacêutica vem cumprindo à saciedade esse desígnio, com consequências que estamos muito longe de ter dados para avaliar na sua profundidade e complexidade (Nunes, 2019).
A tendência para interpretar e nomear aspetos da vida social e da educação escolar segundo uma lupa essencialmente biomédica acarreta riscos de múltiplas ordens – fragilizando, não raras vezes, quem já se encontra em situação de vulnerabilidade – e contribui para a desresponsabilização da própria escola face ao modo como lida com este “distúrbio chamado infância» (Wedge, 2015). Constata-se, pois, que à escola parece inevitável reproduzir efeitos remediativos, encarregando-se «a medicina de responder onde o ensino fracassou» (Collares & Moysés, 2014, p. 62). Como na oficina de que falava Foucault (1997, p. 149), também na escola se qualificam e reprimem os comportamentos que escapam à normatividade, privilegiando-se espaços para o exercício do modelo médico, ao invés de estratégias educativas que respondam, com igual qualidade, à diversidade da população escolar.
A proposta deste número temático insere-se na atividade do Círculo de Estudos e Intervenção na Medicalização da Educação (CEIME), e reconhece a importância de, por um lado, dar visibilidade ao fenómeno da patologização dos comportamentos e da medicalização da educação, acolhendo diferentes olhares disciplinares sobre estes fenómenos; por outro lado, animar e continuar a alargar um debate que lançou em 2011 (Manifesto) que se quer sério, informado e necessariamente crítico, em torno das suas implicações.
Submissões
Os artigos são aceites e publicados em português, inglês, francês ou espanhol.
As propostas devem ser enviadas como anexo (em Microsoft Word) para ciie_edicoes@fpce.up.pt, devendo ser especificado que se trata de submissão ao número especial «Medicalização da Educação Escolar».
Cada artigo deverá conter entre 6000 e 8000 palavras, incluindo resumos, palavras-chave, quadros, notas de rodapé, lista de referências bibliográficas e apêndices. Cada manuscrito deve incluir título, resumo e palavras-chave em português, inglês e francês. Compreensivelmente, para artigos em espanhol, o título, resumo e palavras-chave são também apresentados em língua espanhola.
As submissões seguirão o processo de blind peer-review regular da Revista. Os/as organizadores/as e direção da ESC tomarão as decisões finais de aceitação. Os artigos aceites que não forem incluídos no número especial (por restrições de espaço) serão publicados num dos números seguintes da ESC.
O prazo de submissão termina a 14 de julho de 2020.
Mais informações na página da ESC.