Projeto BootStRaP desenvolve app para adolescentes

Uma equipa de investigação do Centro de Psicologia da Universidade do Porto (CPUP) e do CIIE está a trabalhar com estudantes de três escolas portuguesas no desenvolvimento de uma aplicação que pretende reduzir o impacto nocivo da digitalização na saúde mental dos adolescentes.

A iniciativa acontece no âmbito do projeto europeu BootStRaP (Boosting societal adaptation and mental health in a rapidly digitalizing, post-pandemic Europe) e envolveu, até agora, estudantes de agrupamentos de escolas de Alfena, Águas Santas e Maia. O carácter ímpar da iniciativa assenta na participação ativa dos jovens na criação dos recursos do estudo, assegurando um envolvimento ético e seguro em todas as etapas do processo de investigação.

Segundo Célia Sales, investigadora responsável pela implementação do BootStRaP em Portugal, “o principal objetivo é contribuir para que os jovens consigam gerir de forma saudável o modo como usam a internet. Vamos criar uma app para adolescentes entre os 12 e os 16 anos que avisa o próprio utilizador quando está em risco ou quando está a usar a internet de forma prejudicial. Oferece-lhe também um programa de intervenção que pretende ajudar a modificar esse uso”.

Concretamente, a aplicação envia perguntas sobre o bem-estar e o humor do utilizador. Avalia ainda determinados parâmetros registados pelos telemóveis, como o tempo de utilização da Internet ou a interação com os conteúdos. Estes indicadores irão ajudar a equipa de investigação a compreender os padrões de comportamento e a determinar como e quando estes podem ser prejudiciais à saúde.

Carolina Cordeiro, investigadora do CPUP, sublinha o carácter inovador do projeto “que dá uma voz ativa aos jovens, envolvendo-os nas diversas etapas do processo de investigação, desde a conceção do projeto, passando pelo desenvolvimento da aplicação, até ao recrutamento de outros colegas”.

Teresa Silva Dias, investigadora do CIIE, realça a importância da “criação de redes colaborativas de trabalho nacionais, internacionais, multidisciplinares que contam com o envolvimento de diferentes agentes que beneficiam do desenvolvimento do BootStRaP – jovens, pais e professores como investigadores e participantes em todo o processo. É um projeto que assenta no conceito de Ciência Cidadã, com impacto nas políticas relacionadas com a saúde mental dos jovens e a utilização da internet”.

Para Tomás Rodrigues, um dos alunos embaixador do projeto no agrupamento de escolas da Maia, “este estudo pode ser bastante útil para o nosso futuro. As tarefas são simples e fáceis de realizar. Sinto que são também uma pequena forma de refletir sobre o meu dia”.

O projeto irá ainda permitir o mapeamento da forma como os jovens utilizam a internet. Tendo em conta os dados recolhidos, serão elaboradas diretrizes internacionais para uma utilização mais saudável da internet e será definida a forma como as mudanças comportamentais a nível pessoal podem reduzir os riscos e ajudar a prevenir uma possível utilização problemática da Internet no futuro.

O projeto de cinco anos é financiado pelo programa HORIZON-HLTH-2022-STAYHLTH-01-01 da Comissão Europeia e recebeu o apoio do Ministério da Educação, Ciência e Desporto, das administrações, dos professores, dos pais e dos próprios jovens. Estima-se que cerca de 1200 adolescentes portugueses participem no estudo.