01-09-2024


28-02-2026


A tradição associativa portuguesa, cujas raízes remontam ao século XIX e que conheceu uma importante expansão na Primeira República (1910-1926) ligada ao movimento operário e aos ideais socialistas, resistiu ao controlo repressivo da ação associativa pela ditadura e, em alguns casos, constituiu mesmo um espaço de práticas de liberdade e de livre aprendizagem do projeto ideológico do regime. Estas dinâmicas de resistência foram amplificadas a um nível sem precedentes na explosão de liberdades trazida pela revolução de abril.
A nível local, a investigação sobre este tipo de contextos carece ainda de atenção, nomeadamente no que diz respeito aos pressupostos educativos, sociais, políticos e culturais que permanecem nestas instituições subsidiárias de abril, quer na sua herança e na sua atividade atual, quer na sua sociabilidade e património simbólico. Subsidiárias das emergências sociais de um tempo histórico decisivo, o movimento associativo não é apenas uma circunstância. Como organismo social vivo, o movimento associativo molda a sociabilidade, produz, valida e arquiva saberes e organiza solidariedades em contextos particularmente afectados pelo recuo do Estado-providência. As associações locais assumem características que as validam como instâncias de educação informal e não formal, para além de serem índices culturais e históricos de 50 anos de democracia.
O objetivo deste projeto é contribuir para esse conhecimento sociológico, histórico e educativo sobre o movimento associativo popular do Porto na sua relação com a revolução do 25 de Abril e a consolidação democrática portuguesa, e, especificamente, sobre os desenvolvimentos e desafios associativos enfrentados pelas associações populares do Porto criadas durante o PREC e nos primeiros anos após a aprovação da Constituição da República Portuguesa. O projeto baseia-se em três estudos de caso - Universidade Popular do Porto, Associação Nacional dos Deficientes Sinistrados no Trabalho e Associação de Moradores da Lomba - constituídos a partir do património de intervenção social e educativa desenvolvido na formação de Educadores Sociais da Escola Superior de Educação do Porto.
Passadas quase cinco décadas, estas associações mantêm-se ativas e reivindicam o legado democrático da Revolução de Abril, o que justifica um estudo detalhado da sua história e práticas associativas.
Em linha com Rodrigues (2015), importa questionar em que medida as raízes da mobilização popular se mantêm nestas associações, a que nível, com que intensidade e com que novas dinâmicas. Por outro lado, o projeto visa também preservar uma história social e coletiva do associativismo popular a norte do país ainda pouco estudada e conhecida, embora fundamental para a compreensão e evolução da democracia portuguesa nos últimos 50 anos. Para responder a este objetivo, o projeto recorre também à metodologia da história oral, visando recolher testemunhos orais e parte dos arquivos destas associações, disponibilizando estes dados à comunidade académica e ao público em geral.


PCEP - Participação, Comunidades e Educação Política


FCT - Fundação para a Ciência e para Tecnologia
2023.10921.25ABR


Associations
Participatory Democracy
Education and social intervention
25 April


Joana Cruz


Ana Luísa Costa


Escola Superior de Educação do Porto (Portugal) Porponente
Associação de Moradores da Lomba (Portugal)
Associação Nacional dos Deficientes Sinistrados no Trabalho (Portugal)
CIIE/Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (Portugal)
Universidade Nova de Lisboa (Portugal)
Universidade Popular do Porto (Portugal)

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