01-09-2024


31-08-2030


O bem-estar e a justiça social, particularmente para as pessoas em situação de vulnerabilidade, são objetivos centrais das agendas europeias e da ONU 2030. Ancorado nesses objetivos, o ativismo profissional (AP) (e.g., advocacia) implica a mobilização política de profissionais que trabalham com pessoas em situação de vulnerabilidade (PSV).
A literatura sobre a educação para o AP oscila entre duas perspetivas. Uma defende a "Educação para o AP” em contextos educativos formais para formar profissionais para a prática, aumentando a sua consciencialização, conhecimento e capacitação para o AP. A outra perspetiva considera que esta educação é informal e ocorre implicitamente ao longo da prática/experiência - a “Educação no AP”.
Descobertas recentes esbatem esta dicotomia, destacando a relevância de ambas as abordagens e a necessidade de colmatar lacunas de investigação relacionadas, aprofundando o conhecimento sobre: o (des)investimento na educação para o AP em contextos educativos formais e não formais; a riqueza e complexidade da educação para o AP que ocorre através da experiência, para profissionais e outras pessoas implicadas; e a influência e potencial da educação para e np AP na mitigação dos impactos de questões de género e de saúde mental no envolvimento ativista e no repertório de ação dos/as profissionais.
Este projeto aborda estas lacunas, avançando o conhecimento sobre os processos educativos que se desenrolam para e no ativismo profissional em Portugal, considerando diversas áreas profissionais. Especificamente, propõe-se responder às seguintes questões de investigação: qual é (e pode ser) o papel dos contextos formais e não formais de educação na promoção da "Educação para o AP", e o seu reconhecimento como um papel profissional relevante neste campo?; que dinâmicas e resultados de aprendizagem caracterizam a educação para o AP que acontece através da experiência?; em que medida a educação para e no AP (pode) apoiar os/as profissionais na superação das desigualdades/normas de género e das questões de saúde mental que impactam o envolvimento e repertório ativista profissional? 
Utilizando uma abordagem de métodos mistos, esta investigação está estruturada em 3 etapas complementares, mobilizando diversas estratégias e ferramentas metodológicas. A etapa 1, 'Mapear o campo', integra dois estudos qualitativos, incluindo revisão sistemática, análise documental e entrevistas. A etapa 2, 'Conhecer o campo', envolve dois outros estudos, utilizando um questionário e estudos de caso com entrevistas e observação etnográfica. A etapa 3, “Co-transferir o campo”, inclui duas fases de mobilização de métodos participativos. Este projeto favorece a participação dos profissionais e das pessoas afetadas pelo AP (por exemplo, PSV, partes interessadas) e constituirá um contributo inovador e oportuno para o avanço do conhecimento sobre a educação para e no AP, através da criação de um quadro teórico, empírico e prático aprofundado, baseado no contexto português. Além disso, fornecerá recomendações educativas, profissionais, políticas e de investigação, e constituirá um valioso registo, memória e referência para futuros/as profissionais e para a educação de adultos.


PCEP - Participação, Comunidades e Educação Política


FCT - Fundação para Ciência e a Tecnologia
(2023.06314.CEECIND)


Ana Luísa Costa


CIIE/Faculdade Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), Portugal

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