01-03-2002


01-03-2005


Nas últimas décadas a cidadania (re)emergiu como uma questão central na area pública, educativa e científica. Como Lyotard (1999) afirmou, a cidadania pode ser a última meta-narrativa nas sociedades contemporâneas. No entanto, os debates tendem a centrar-se num nível de análise societal (como é que as sociedades atribuem certos direitos e obrigações a grupos de indivíduos?), negligenciando níveis de análise grupal e individual. Este projecto, ao enfatizar uma perspectiva psicológica vai dar particular atenção a este dois níveis. A nível grupal, a participação dos indivíduos em associações e movimentos sociais sera exploeada do ponto de vista da qualidade dessas experiências em termos de desempenho de papéis, reflexão guiada e apoio (Sprinthall, 1991; Lind, 1999). A nível individual o projecto enfatiza a "construção individual do mundo político" (Haste & Torney-Purta, 1992, p. 1), especificamente no que se refere a conceber e exercer a cidadania.
O projecto visa abordar três questões relacionadas com as concepções e práticas de cidadania.
A 1ª envolve explorar a relação entre dimensões do desenvolvimento psicológico (e.g., complexidade cognitiva, identidade) e a cidadania. Como é que os indivíduos cpntroem significado a partir do mundo político? Há mudanças-diferenças desenvolvimentais-geracionais neste processo (e.g. complexidade, diferenciação,)? Este esquemas da compreensão e acção políticas estão relacionados com as práticas? Para dar resposta a estas questões utilizaremos uma metodologia sequencial-longitudinal junto de vários grupos etários e geracionais (adolescentes, jovens adultos e adultos de 2 gerações).
A 2ª implica analisar como as experiências de vida influenciam as concepções e práticas de cidadania. A participar pode providenciar oportunidades de desempenho de diferentes papéis e actividades, de actualização de direitos e deveres, e eventualmente de questionamento da própria cidadania. Mas o impacto destas experiências pode ser mediado por factores como a autonomia e o apoio. É por esta razão que uma análise detalhada destas experiências é uma componente essencial deste projecto.
A 3ª analisa de que modo a experiência de discriminação social contribui para as concepções e práticas de cidadania. Historicamente, largos segmentos da população foram excluídos de direitos e deveres de cidadania, com base em convenções específicas - será. Assim, importante perceber como grupos excluídos constróem significados associados à cidadania. As mulheres são o exemplo óbvio de exclusão, que ainda hoje registam baixo envolvimento político em Portugal. Os homossexuais constituem um grupo tipicamente discriminado que, na última década, tem exigido, através das associações, o alargamento de direitos e deveres de cidadania. Uma perspectiva compreensiva da cidadania não pode deixar de considerar o ponto de vista de grupos excluídos.
Para dar resposta a estas questões o estudo combina metodologias qualitativas e quantitativas, incluindo o envolvimento activo dos "sujeitos" na discussão do significado dos resultados obtidos


PCEP - Participação, Comunidades e Educação Política


FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia
(POCTI/PSI/41310/2001)


Isabel Menezes


CIIE/Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto(FPCEUP), Portugal
Direcção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas, Portugal

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