01-05-2010
30-10-2012
Nota preliminar: a ideia original deste projecto foi proposta pelo Prof. Dr. Reinhold Hedke da Universidade de Bielefeld a um grupo de investigadores de vários países europeus. O projecto foi então delineado num grupo em que estamos activamente envolvidas. A nossa decisão de o transformar num projecto nacional será seguida por colegas de outros países. Mas é importante realçar que os objectivos aqui propostos não dependem do contexto internacional. Nos últimos 30 anos vários países europeus com um passado autoritário viveram uma transição para a democracia (os países ibéricos e os países do ex-bloco soviético), com uma profunda transformação das suas instituições políticas, incluindo tanto a instituição da democracia como a integração na União Europeia. Esta transição política foi acompanhada por uma forte ênfase no papel da escola na promoção de uma cidadania (democrática e europeia), especialmente desde meados da década de 90: a educação para a cidadania (EC) foi o motto para reformas educativas na Europa (Menezes, 1999, 2003a), e objecto de muitos estudos internacionais sobre os conhecimentos, competências, atitudes e envolvimentos politicos dos jovens (Amadeo et al., 2002; Torney-Purta et al., 2001). No entanto, apesar deste intenso esforço para promover políticas e estratégias de educação para a cidadania, pouco se sabe acerca da prática das escolas. Adicionalmente, em países que experienciaram transformações políticas tão intensas, é relevante responder às seguintes questões: Em que medida as escolas estão actualmente comprometidas em promover uma cultura democrática que integra uma consciência histórica crítica do passado totalitário? Como são as imagens do passado apresentadas nos curricula, manuais, formação de professores e práticas de sala de aula? O passado é abertamente discutido ou ocultado, criticado ou branqueado? As últimas décadas assistiram a um renovado interesse na cidadania tanto em termos teóricos como empíricos (e.g., Beiner, 1995), particularmente em relação com a intensificação dos sinais de desinvestimento e apartia políticos dos jovens e adultos, tanto em democracias emergentes como "históricas"(e.g., Amadeo et al., 2002). Não é assim surpreendente que haja uma ênfase generalizada no papel da educação em contrariar estas tendências. Quase todos os cidadãos frequentam a escola e as escolas têm historicamente um papel central na promoção do cidadão "ideal" especialmente durante a instituição do Estado Nação em que a escola foi um veículo para a "criação" de identidades nacionais (Habermas, 1992). É assim compreensível porque tanto os estados europeus quando a União Europeia enfatizaram o papel das escolas como instrumentos para a promoção das democracias. Em Portugal, vários estudos descreveram e discutiram as políticas educativas neste campo (Brederode Santos, Menezes, 1999), mas a análise da implementação destas políticas é escassa e limitada a estudos de caso (e.g., Roriz, 2007) que tendem a ignorar a análise das políticas e práticas da escolas e das estratégias da sala de aula. A nossa equipa tem uma longa experiência na investigação nesta área, com recurso a diversos desenhos e metodologias, incluindo tanto estudos internacionais (e.g., Arnot et al.,2000a; Menezes et al, 2003; Menezes, 2003b) como estudos de caso baseados em escolas (e.g., Menezes, 1998; Stoer & Araújo, 2000). Assim, estamos numa posição privilegiada para desenvolver um projecto que combina comparações internacionais com uma análise baseada na escola. O projecto contribuirá para compreender como o passado autoritário é reconhecido nas políticas, currículos e práticas contemporâneas e como interfere com a promoção de uma cultura política que valoriza a participação activa dos cidadãos nos assuntos cívicos e políticos - a pedra de toque das democracias contemporâneas
PCEP - Participação, Comunidades e Educação Política
Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Cidadania
Escola
Participação
Transição para a democracia
CIIE\Faculdade de Psicologia e Ciência da Educação - FPCEUP