01-01-2023
28-02-2026
Este projeto visa analisar as tendências supranacionais que estão a influenciar a autonomia do ES na Europa e como estão a ser traduzidas a nível nacional e institucional, centrando-se na forma como a gramática política que veiculam se repercute na articulação da educação, investigação e inovação das IES e nas suas missões(1). Nas últimas décadas, sob a influência das políticas neoliberais, as IES enfrentaram desafios que questionam a sua cultura, missões e propósitos tradicionais: a formação de cidadãos ,a preservação e criação conhecimento, o seu livre acesso pela comunidade(2),e a sua autonomia. A investigação tem mostrado que a autonomia pedagógica está a ser pressionada pelo uso de resultados de aprendizagem, projetados para garantir a conformidade dos resultados da educação com as exigências do mercado de trabalho, enquanto a autonomia de investigação(3) está a ser condicionada pela necessidade de garantir 'relevância' e conhecimento útil (5).
Na Europa, a pressão sobre as IES para fornecer ao mercado de trabalho diplomados com as competências necessárias para as necessidades da economia, para promover a relevância económica da I&D e a implantação de inovações no mercado(2) tem influenciado o mandato dirigido ao ES. Como este mandato promove uma articulação mais estreita entre educação, investigação e inovação(4,6,7), o projeto concentrar-se-á na autonomia pedagógica e de investigação, pois nelas impactam as orientações que a governação e a gestão das IES vêm desenvolvendo sob a influência de lógicas de mercado e dos modelos empresariais(8). A investigação sobre autonomia pedagógica incidirá na criação e desenho dos programas, no papel que os stakeholders externos têm nestes processos e no seu alinhamento com as estratégias nacionais e institucionais. Para analisar a autonomia da investigação, o projeto incidirá sobre as estratégias formalmente assumidas pelas IES e as visões que os IR têm sobre a seleção de temas, metas e objetivos dos projetos que lide(rar)am.
O projeto assume uma abordagem multinível: europeia, nacional e institucional. Considera a influência dos atores supranacionais (UE) e assume o papel que os Estados desempenham na mediação dos desafios decorrentes dos ecossistemas de ES(1). É relevante comparar contextos em que o Estado desempenha um papel regulador mais forte (França e Finlândia)(9,10) ,com aqueles em que a dimensão nacional é saliente e as políticas supranacionais tendem a ser resistidas (Polónia), aqueles em que as políticas orientadas para o mercado são mais influentes(Países Baixos)(11),e aqueles onde prevalecem características mistas de regulação estatal e autonomia institucional (Portugal)(12). A comparação entre os sistemas e IES destes países pretende identificar as configurações que eles estão a assumir pela análise da governação, gestão institucional e do papel dos profissionais na efetivação de sua autonomia pedagógica e de investigação. O projeto visa cartografar as tendências que transformaram o ES europeu nas últimas décadas e a autonomia das IES.
As questões de investigação são: como é que as tendências supranacionais influenciam a autonomia do ES na Europa? Como é que as tendências supranacionais estão a ser traduzidas nos níveis nacional e institucional? As políticas nacionais refletem uma coordenação mais forte do Estado em relação à regulação do mercado? Como é que as IES estão a articular a educação, investigação e inovação no cumprimento de suas missões? Como é que essas tendências impactam nos programas e na autonomia dos académicos para selecionar temas e desenhar projetos de pesquisa?
GAPE – Grupo de Análise de Políticas Educativas
FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia
Educação
Instituições ensino superior
Investigação
Políticas e autonomia do ensino superior
Centro de Investigação em Políticas do Ensino Superior (Instituição proponente
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto
Institut de Recherce en Gestion - Université Paris-Est
Tampereen yliopisto
Universiteit Leiden
Uniwersytet Mikolaja Kopernika