01-09-2006


28-02-2010


Em Portugal, como noutros países europeus, a produção da coesão social aparece como uma questão central, sendo que é em nome desta coesão social que se desenvolve um conjunto de políticas que genericamente se têm traduzido por uma valorização discursiva do local enquanto dispositivo de redução da conflitualidade social. A mediação surge assim como uma problemática em torno da qual se tendem a gerar consensos, sem que por isso se possa afirmar uma consensualidade entre os projectos societais que ela configura. Na realidade, é possível discernir uma perspectiva mais securitária e de reprodução social e uma outra que, reivindicando o propósito de aprofundar o exercício da cidadania, enaltece sobretudo as suas potencialidades transformantes na recriação da relação social e no aprofundamento da democracia participativa.Este projecto insere-se na segunda perspectiva.
Admite-se que na formação social portuguesa, a crise do Estado Providência e a consequente desagregação dos dispositivos de macro-regulação sócio-jurídica produziu-se num contexto social onde o "atraso" na consolidação destes dispositivos, contribuiu para a preservação de formas "localizadas" e "comunitárias" de gestão dos conflitos e procura-se compreender e aprofundar as suas potencialidades sociais e cognitivas.
No trabalho empírico, privilegia-se portanto estudos de caso incidindo nos 5 domínios contemplados no projecto: educativo, organizacional, jurídico, ambiental e social. Do ponto de vista técnico recorrer-se-á preferencialmente a estudos de observação directa articulados com a análise das narrativas dos principais protagonistas nos casos estudados. Este trabalho de investigação intensivo será articulado com um trabalho mais extensivo que permita caracterizar instituições e figuras profissionalizantes susceptíveis de protagonizarem, de uma forma consistente, práticas de mediação. Tal trabalho de investigação empírica articular-se-á com um estudo das políticas sociais desenvolvidas nos últimos 10 anos e uma caracterização dos instrumentos cognitivos accionados tanto na definição destas políticas como nos modos de produção de uma inteligibilidade para as novas questões sociais.
Incidindo sobre um domínio onde a produção de novas inteligibilidades do social não pode ser dissociada dos modos de intervenção no terreno, o dispositivo de investigação articula-se com um dispositivo de formação pós-graduada e uma intervenção no terreno, de forma a assegurar a pertinência social dos saberes produzidos. Deste modo, o trabalho de investigação, para além de enfatizar a interdisciplinaridade das problemáticas em estudo, tende a ser regulado por dispositivos que promovem a sua articulação com o campo de formação e com o campo da intervenção social. Ele envolve, portanto, investigadores das Ciências da Educação, do Direito, da Psicologia, da Sociologia, das Relações Internacionais, da Gestão de Recursos Humanos e do Serviço Social, e estabelecendo uma parceria com uma instituição que desenvolve e acredita formação dentro deste domínio.


FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia
POCI/CED/56626/2004



Henrique Vaz

João Caramelo

José Pinto Lopes

Paulo Nogueira


CIIE/Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Associação de Mediadores de Conflitos - Portugal

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