03-02-2025
02-08-2026
O Ativismo Profissional (AP) é ainda um campo novo e pouco estudado em Portugal, embora seja altamente relevante para a vida contemporânea na Europa e no mundo. Refere-se ao advocacy, à sensibilização e a outras formas de mobilização política de profissionais em nome das pessoas em situação de vulnerabilidade com quem trabalham no âmbito da intervenção educativa, social e comunitária. Implica defender as causas e os direitos destas pessoas mediante uma abordagem de justiça social e um repertório de ação diversificado.
Evidência empírica recente e inovadora sobre o AP revela que a sua relação com o contexto geográfico do interior requer maior atenção e investigação. Concretamente, sugere que profissionais que trabalham nas regiões do interior têm menos oportunidades (e menos diversas) de envolvimento com o AP. Também destaca a necessidade de reforçar o know-how para fazer AP nestes contextos. Além disso, muito deste trabalho pode ocorrer de forma encoberta ou não ser suficientemente visível, pelo que se torna crucial explorar, documentar e promover a visibilidade do AP nas regiões do interior.
Este projeto aborda estas lacunas na investigação e intervenção, criando uma oportunidade única para avançar o conhecimento sobre a educação e envolvimento ativista profissional nas regiões do interior de Portugal, ancorado na co-criação de uma Comunidade de Prática de Ativismo Profissional (CoP de AP). Esta CoP de AP irá encorajar os/as profissionais a partilhar, organizar coletivamente e agir em torno de uma causa comum.
Através desta abordagem inovadora, propõe-se alcançar uma compreensão aprofundada destes fenómenos, respondendo aos seguintes objetivos: mapear e caraterizar o envolvimento e as experiências de AP de profissionais/organizações que trabalham com PSV nas regiões do interior; aprofundar o conhecimento sobre a influência do contexto geográfico do interior no (des)engajamento ativista destes/as profissionais, acedendo às necessidades relativas à educação e participação AP e a formas concretas de reforçar estas duas áreas; e monitorizar e analisar criticamente a experiência coletiva vivida na CoP de AP, explorando o seu potencial educativo e de politização.
Este projeto está organizado em quatro tarefas complementares, seguindo uma abordagem metodológica mista e inspirada na investigação ação. A tarefa 1, "Delinear a evidência e experiência de ativismo profissional nas regiões do interior", integra uma scoping review e uma abordagem de avaliação rápida, incluindo a análise de documentos, pequenos inquéritos e entrevistas. A tarefa 2, "Co-criar (conhecimento sobre) uma comunidade de prática de ativismo profissional", implica sessões de reflexão e oficinas práticas com uma forte componente artística, e mobiliza grupos de discussão e observação etnográfica. A tarefa 3, "Acompanhamento do projeto e reflexão crítica", diz respeito ao acompanhamento crítico ao longo do projeto por parte de um grupo consultivo, que produzirá recomendações. A tarefa 4, 'Disseminar, aumentar a visibilidade e construir um arquivo interativo', consiste em ações destinadas a partilhar e discutir as atividades e os resultados do projeto, nomeadamente através do site da CoP de AP, de um mapa interativo do AP nas regiões de interior e de um arquivo de recursos.
O projeto contribuirá de forma inovadora e oportuna para o avanço do conhecimento sobre a educação e envolvimento no AP nas regiões do interior de Portugal, através da criação de um quadro teórico, empírico e prático aprofundado baseado nestas regiões, que informará práticas educativas, de intervenção e de investigação neste domínio.
PCEP - Participação, Comunidades e Educação Política
FCT - Fundação para Ciência e a Tecnologia
(2023.12513.PEX)
Consultor: Breno Bringel (IESP-UERJ)
Grupo consultivo: Breno Bringel (IESP-UERJ), Cristiana Pires (Kosmicare, CEDH, FEP/UCP), Andreia Nisa (Associação Existências, IPV), Miguel Januário (Artista plástico, ID+/FBAUP)