01-06-2024


31-12-2025


Este projeto de investigação tem como objetivo principal resgatar e documentar as contribuições das mulheres invisibilizadas durante o período do 25 de Abril e no pós-25 de Abril na história da democracia portuguesa (1092-1979). Focando na historiografia das mulheres das classes trabalhadoras e populares e outros grupos subalternizados, bem como na participação delas nos movimentos sociais, a pesquisa será conduzida utilizando a abordagem da história oral e dos registos memorialísticos. Através da recolha de narrativas pessoais, testemunhos e memórias dessas mulheres, muitas vezes ausentes dos registos históricos convencionais, busca-se resgatar as suas histórias e evidenciar a sua significativa atuação nos movimentos sociais do período. Especial atenção será dada às mulheres associadas às comunidades caboverdianas, moçambicanas e angolanas, atendendo ao facto de as suas contribuições para a construção da democracia portuguesa terem sido ainda mais minimizadas ou ignoradas do que as das mulheres portuguesas. A investigação propõe-se a preencher lacunas historiográficas, destacando o papel fundamental dessas mulheres na transformação política e social do país. Ao priorizar a história oral e os registos memorialísticos, o projeto visa amplificar e preservar as vozes e memórias dessas mulheres, garantindo o reconhecimento e a valorização das suas contribuições para o desenvolvimento da democracia em Portugal durante e após o 25 de Abril.
Para além do trabalho de resgate histórico da participação de mulheres de setores socialmente em desvantagem, pensamos crucial realizar algumas atividades com jovens para envolver a juventude na construção de conhecimento e divulgação de conhecimento sobre o 25 de Abril: para saber o que sabem, como adquiriram esse conhecimento e quais as suas opiniões; para ouvir as suas ideias para a melhor forma de divulgar este conhecimento às novas gerações.
A metodologia integra diversos procedimentos: a) para a recolha de informação: pesquisa em arquivos, jornais e outras publicações da época; entrevistas para recolha de depoimentos orais, grupos de discussão focalizada e oficinas com jovens; b) para análise: elaboração de narrativas biográficas, narrativas históricas e narrativas digitais.
A pesquisa focará no período entre 1972 e 1979. 1972 é uma data histórica para as mulheres - corresponde à publicação das Novas Cartas Portuguesas; Em 1979, salienta-se a absolvição de Maria Antónia Palla, indiciada por ter realizado, em 1974, uma reportagem na RTP sobre o aborto clandestino. Este período consubstancia-se no facto de que os direitos das mulheres levaram mais tempo a conquistar.
O projeto prevê, também, atividades com jovens, através de grupos de discussão focalizada e de oficinas: os grupos de discussão focalizada para compreender o que sabem sobre a participação das mulheres no 25 de Abril, como adquiriram esse conhecimento (quem lho transmitiu - família, escola, pares ou outros) e as suas opiniões; oficinas para a co-construção de um documento audiovisual didático sobre as mulheres e o 25 de Abril.
As ideias das/os jovens podem constituir-se como fundamentais para que o documento possa ser apelativo para diferentes idades.


PIV – Políticas de Inclusão e Vozes: Diversidade, género e interseccionalidade


FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia
2023.10948.25ABR


Maria José Magalhães


Kenia Silva

Margarida Louro Felgueiras

Tiago Neves


CIIE/Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto - FPCEUP Portugal
Centro Interdisciplinar de Estudos de Género - CIEG - Portugal
União de Mulheres Alternativa e Resposta - UMAR

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