22-03-2010


21-09-2013


O projeto “Trabalhar em rede na Educação?  Discursos e estratégias do poder autárquico em torno do sucesso e abandono escolares” centrou-se na análise das suas perspectivas no confronto com o abandono escolar e o insucesso escolar. Estas são questões centrais no contexto português contemporâneo de novas competências e papéis que as autarquias locais, enquanto instituições políticas, devem desenvolver. À luz de perspectivas baseadas na justiça social, na cidadania e nos direitos sociais, o abandono escolar e o insucesso que atingem sobretudo grupos sociais específicos ganham uma dimensão particular. O direito social à educação é uma poderosa chamada de atenção para as políticas e práticas sociais para a necessidade de encontrar formas de alterar os processos de marginalização e exclusão escolar. No quadro de formas mais alargadas de cidadania e justiça social (Arnot 2009; Bernstein 1996; Young 2000; Araújo 2008; Sousa 2007), estes problemas têm de ser questionados e enquadrados de forma concetual e pragmática. Stoer & Araújo (2000) sublinharam que as autoridades locais são também chamadas a intervir em torno da questão da escolaridade para todos, num contexto em que as crianças e os jovens estão a abandonar a escola em maior número (Portela & Gerry 2002). É nossa perspetiva que, para além das análises produzidas pelos teóricos da reprodução social e cultural dos anos 1970-80 (e.g. Bourdieu 1970), e dos teóricos da produção cultural dos finais dos anos 1970 & 1980 (Willis 1977), é necessário o envolvimento das autarquias locais e das suas perspectivas e acções em relação ao sucesso escolar. Apela-se à importância da criação de redes entre diferentes entidades, incluindo as não oficiais, para a abordagem dos problemas educativos. Vários relatórios internacionais destacam também estas redes partilhadas por outros países europeus, como a Inglaterra, a Holanda ou a Finlândia, bem como pelos EUA ou pelo Brasil. Os projectos de educação comunitária e de desenvolvimento local sublinham também a importância da referida articulação para a promoção do sucesso escolar (Gereluk 2006; West-Burnham et al 2007; Loureiro & Cristovão 2010). Embora algumas perspectivas vejam a ênfase colocada nesta relação como uma confirmação de que o conhecimento está a escapar da escola, localizando-se em diferentes contextos e lugares, outras perspectivas, como a sublinhada por Barroso (2005), analisam as deficiências e os perigos de uma “micro-regulação” local demasiado comprometida com os diferentes interesses das partes interessadas e as difíceis negociações exigidas para satisfazer estratégias e racionalidades daqueles que “ocupam” territórios comuns e interdependentes. Outros ainda interpretam esta nova ênfase na relação da escola com a comunidade como uma abertura a novas formas de construção identitária, a saberes e sociabilidades provenientes de contextos não formais. É esta a perspetiva aqui adoptada: compreender as novas lógicas de ação relativas ao papel das agências locais face ao problema multifacetado que o insucesso escolar engloba e ao conjunto de problemas que assolam as zonas urbanas, rurais e suburbanas em consequência das taxas de abandono escolar (Ball et al 2000).


PIV – Políticas de Inclusão e Vozes: Diversidade, género e interseccionalidade


FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia
PTDC/CPE-CED/104460/2008


Helena C Araujo


Alexandra Oliveira Doroftei

Eunice Macedo

Sofia Marques da Silva


CIIE | Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto - FPCEUP - Portugal
Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento Portugal
Centro de Investigação em Educação Portugal
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa FCUL Portugal
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro UTAD Portugal

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